Analista político avalia momento crítico para trabalhadores e destaca que a única alternativa para evitar retrocessos é a participação junto ao sindicato
O cenário político e econômico no país é crítico e sinaliza ameaças aos direito dos trabalhadores. De acordo com o jornalista, analista político e diretor de Documentação do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Antônio Augusto de Queiroz, em seu artigo “As políticas públicas, os assalariados e os caroneiros” (leia na íntegra clique aqui) não há mais espaço para o que a ciência política chama de “caroneiro”, o qual designa como “aquele sujeito ou entidade que evita arcar com os custos da participação porque haverá outros membros que assumirão esse encargo e ele, de qualquer modo será beneficiado”.
O artigo explica que na atual conjuntura para proteger os direitos conquistados será preciso um esforço adicional, tanto de qualificação, quanto de pressão e mobilização das pessoas e instituições: “É preciso ampliar a capacidade de mobilização, incorporando novos recursos de poder e de comunicação com a sociedade e com os tomadores de decisão, bem como envolvendo pessoas ou instituições que antes ficavam imobilizadas na certeza de que os direitos seriam preservados ou os ganhos viriam de qualquer modo”.
Augusto Queiroz afirma que frente conjuntura adversa, as forças que sempre lideravam a resistência ou o processo de ampliação dos direitos não terão mais, sozinhas, o poder suficiente para manter o enfrentamento e vencer batalhas, necessitando de reforço para que todos ganhem, seja no sentido de evitar retrocessos, seja no sentido de avançar.
Como exemplo ao setor privado, o artigo cita os acordos coletivos, pontuando que se as entidades sindicais não tiverem formas e meios, inclusive financeiros, para fazer a luta contra a reforma na legislação que garante os direitos trabalhistas e previdenciários não apenas não haverá ganho a curto prazo, como haverá retrocesso, conforme sinalizam os projetos governamentais.
“Deste modo, ou todos engrossam a luta em favor de seus interesses, inclusive tirando a figura do “caroneiro”, da zona de conforto, mediante sua filiação ao sindicato e participação efetiva no esforço de qualificação e mobilização, ou todos perderão. A preservação de direitos ou a aplicação de conquistas, neste novo ambiente, portanto, vai exigir esforço adicional, com a participação de todos”, conclui o analista que finaliza: “o trabalhador que não é associado ao seu sindicato ou se filia e fortalece politicamente e financeiramente sua entidade representativa ou pagará um elevado preço pela omissão”.
O presidente do Sintrae-MS, professor Eduardo Botelho, concorda com as afirmativas de Augusto Queiroz. “Muitos apenas esperam para serem beneficiados pelas conquistas do sindicato, sem contribuir. Mas os recentes ataques aos direitos trabalhistas como por exemplo o projeto de lei da terceirização das atividades fins, reforma da previdência social e tentativas de enfraquecimento da representação sindical requerem com urgência a participação desses trabalhadores. Não há mais espaço para os chamados “caroneiros”, precisamos da participação de todos!”, ressalta o presidente.